sábado, 15 de setembro de 2012

Graça, leveza e, bem... Pés beeem feios também!!!

  Bem vindos ao ballet. Não é permitido demonstrar qualquer ponta de dor, cansaço ou esforço; tudo deve fluir com beleza e muita disciplina, ser leve, organizado e fácil.
  Quer dizer, parecer fácil. Uma vez que se exige, além da flexibilidade, muita, mas muita força mesmo no corpo todo, pois é preciso se equilibrar e dançar, na maior parte do tempo, sobre as sapatilhas de ponta.
   Elas foram introduzidas no ballet tendo como objetivo fazer as bailarinas parecerem que estão flutuando sobre o chão. Contudo, tais sapatilhas são, no fundo, no fundo, dois blocos de gesso, daqueles bem espessos e enfeiadores de pés.
   Por mais que a bailarina se utilize de rolos e mais rolos de esparadrapo e ponteiras (tecidos preenchidos com gel, na maioria das vezes, para proteger a pele do atrito- ou pelo menos tentar-), os pezinhos serão, assim, bem feios, cheios de bolhas, amassados, já que têm que ficar, por muito tempo, comprimidos dentro da sapatilha, com joanetes e outros problemas mais...
   Mas, para que todo esse sofrimento?? O que leva alguém a fazer ballet clássico??! Realmente é difícil dizer... Cada um com a sua loucura, fazer o que né?
   Talvez seja o prazer de fazer uma coisa tão dolorosa e difícil parecer tão bela. Bem ou mal, há sim a diversão e felicidade no desenvolver dos passos, no colocar do corpo à disposição da música. É uma forma de se deixar levar pelo sentimento, se entregar e transportar para um mundo novo. E como isso acaba sendo tão prazeroso e recompensador, a bailarina até esquece da dor no corpo, principalmente nos pés. Âhnn... Talvez porque eles já tenham ficado dormentes também, rs...
   Mas, para início de conversa, é importante dizer que o ballet clássico foi , bem no início, destinado somente para homens. Isso mesmo, tem que ser muito macho para dançar ballet. Sinceramente, quem acha que é besteira deve antes provar que aguenta o tranco, porque essa é uma arte muito difícil.. (Humm, se intimidaram com o desafio? rs). Bem, as mulheres acabaram entrando um tempo depois.
    Resumidamente, o atual ballet clássico surgiu de celebrações reais muito reconhecidas pela nobreza italiana. O termo ballet vem de balletto, que significa pequeno baile, " um pequeno dançar", em italiano. A partir do século 16, por meio de festas na corte, os passos, as coreografias e músicas foram utilizadas também como divertimento em celebrações públicas. Contudo, só mesmo quando a arte do ballet chegou na França é que se tornou realmente popular, sendo por isso difundida por todo o mundo com passos e expressões dadas em francês.
   Para mais detalhes, eu recomendo http://mundoestranho.abril.com.br/materia/como-surgiu-o-bale, que explica direitinho e de forma bem resumida os processos dessa dança.( Vale a pena conferir!).
   Bom, em relação ao ballet aqui no Brasil, acredito, quer dizer, gostaria e muito que fosse mais valorizado. Por mais que a gente veja espetáculos no Theatro Municipal, e ache tudo muito bonito e luxuoso, é muito difícil levar a vida de bailarino no nosso país, tendo sempre que ficar correndo atrás de patrocínio e dando um duro danado para receber o investimento (que embora especial, claro), podia ser muito maior.
   Nada como o investimento dado pelos E.U.A., Inglaterra, França, Alemanha e Rússia, por exemplo, que contribuiu para que companhias de dança como o American Ballet Theatre, Royal Ballet, Le Ballet de l'Opéra National de Paris, Stuttgart Ballet e o Bolshoi Ballet Academy tivessem o sucesso e a grandiosidade que têm.
   Quanto às apresentações, seus segmentos também dividem-se pelo que chamamos de atos. Normalmente, a história segue com uma sequência de fatos voltados para o amor. Há sempre uma protagonista se demonstrando frágil e apaixonada, vivendo um amor proibido ou sofrendo por um amor platônico, etc.
   Pode parecer bobo e desinteressante para alguns, por demonstrar coisas que fogem a nossa realidade. Mas, o que grande parte de livros e músicas fazem mesmo?? A mesma coisa. Acredito que é sim muito bom sair do real, de vez em quando. Vale a pena sonhar, pois é sonhando que traçamos uma meta, por exemplo.
   Gosto de muitos ballets, mas tenho um carinho especial pelo O Lago dos Cisnes, O Quebra Nozes e  Dom Quixote, desde pequena são os meus favoritos. No vídeo a seguir, sei que demora a começar a apresentação, pois sendo  teatro há toda uma encenação de introdução. Portanto, peço que não pulem, para poder pegar bem do início a música com a coreografia. Vale muito a pena.
   Nela, não só a coreografia e a história me encantam, mas como a música de Tchaickovsky dá o grande "chãn" para todo  conjunto. Amo muito todos os 4 atos*-*       Dos personagens favoritos, o Cisne Negro!       Dos dois próximos vídeos, o primeiro tem a versão de música e coreografia de que mais gosto, com a bailarina Svetlana Zakharova (a minha favorita!!!).

  

Já o segundo a interpretação dela é a melhor! Repere nos olhares e portes de braço*-*
   Uma música do mesmo compositor, bem conhecida também, aparece no primeiro ato do ballet A Bela Adormecida. Aposto que todos já a ouviram no filme da Disney, de mesmo nome (assistam desde o ínicio!!):
Se vocês olharem no filme da Disney, há uma parte com dois pássaros azuis, cantando junto da personagem Rosa( a Aurora). Bom, essa parte teve origem na coreografia de ballet, que veio antes:
  Em O Quebra Nozes,  eu adoro o segundo ato. Pra variar, as músicas tocadas também são de Tchaikovsky. Simplesmente geniais.
 
   
  Sinceramente, ele era um compositor de outro mundo!!!
  Em Dom Quixote, adoro o dinamismo dos passos. A coreografia e a música são ambas voltadas para a dança espanhola, sendo, portanto, um ballet cheio de energia. 
  Dele, uma das versões que mais gosto é a encenada pela Cynthia Harvey (uma das prediletas!) e Mikhail Baryshnikov (o melhor, de todos os tempos!). Juntos nesta apresentação, os bailarinos têm muita química e acabam dando um show do início ao fim. O primeiro ato é o meu favorito.  
  Além de tudo, não posso esquecer de comentar a elegância das roupas, os mais diversos tutus e caprichados arranjos de cabelo. 
  Espero que tenham gostado!
 À biéntôt!

Talento

 Quando se assiste a uma peça qualquer de teatro, e, de repente, bate aquele arrepio, aquela emoção que é difícil de esconder, pois, de tão forte, ela precisa se manifestar; seja por lágrimas, sorrisos, suspiros ou falta de ar, o que seria isso?
  Já aconteceu de muita gente se surpreender, por exemplo, com um(a) ator/atriz de novela, dizendo "Nossa, fulano está se revelando!", ou " Ela entrou de cabeça no papel." Há outra também: " Ele está vivendo a personagem intensamente."
  Acredito que essa, de todas, reflete muito bem o que para qualquer artista seria o talento: a capacidade natural para exercer, tão bem e tão sem esforço, aquilo o que trabalha. Para uma pessoa com talento, uma prática difícil se torna, para quem a vê, tão fácil e natural quanto respirar.
  Em um musical, por exemplo, é comum a voz de determinado ator/cantor mexer tanto com a gente, como se a música vibrasse em nosso peito e passasse pela nossa alma. Já em qualquer apresentação de dança, o bailarino talentoso é o que se destaca dos outros por fazer simplesmente os mesmos passos que eles, mas, ao mesmo tempo, de uma forma diferente, com um "algo a mais". Logo se vê que não trata-se de um dançarino robótico, que segue a coreografia fazendo os passos, tudo certinho e bonitinho, e pronto, acabou. Não, ele vive a personagem, sente a música, passa o sentimento para os movimentos, seja em um salto, seja no olhar; manifesta seu estado de espírito na coreografia.
  Consequência: uma platéia tomada de surpresa e admiração, arrepiada e boquiaberta, mais do que tudo, que sabe reconhecer o talento do artista.
  Para isso, nada como uma boa salva de palmas, ao ritmo do nosso coração, quando palpitou às músicas e aos passos da excelente apresentação, para retribuir ao bailarino todo o sentimento, realimentar a alma do artista talentoso.
 Nada mais satisfatório do que o reconhecimento merecido de trabalho do bailarino! É emocionante!

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Gostar de um só estilo é difícil!

  Não, o tema do blog não se restringe à música, embora esta seja uma peça fundamental de um quebra-cabeça composto por passos, estilos, diversão e cultura: a dança.  
  Justamente por englobar as mais diversas modalidades, assim como a música, pintura (e tudo mais que se relaciona às artes, melhor dizendo), pode-se classificá-la como uma forma democrática de manifestar o estado de espírito, se transportar aos mais diversos lugares, assim como quando se lê um bom livro ou se toca um instrumento musical. 
  Mais do que tudo, eu a comparo com uma chave mestra, uma vez que sendo ou não mediada pela música, a dança consiste em uma forma independente e maravilhosa de libertar o corpo e a alma. Acredito que a beleza dessa arte esteja na capacidade de divulgar os mais variados pensamentos, falar eternamente sem ter a menor necessidade de usar a voz para ser compreendida. Apesar de difícil, não é impossível transmitir uma (ou várias!) mensagens apenas se utilizando do olhar, dos gestos delicados ou rodopios exuberantes, por exemplo. 
   Ela é arte, comunicação e, portanto, reflete piamente a essência do que é a liberdade de expressão. Esta, por sua vez, é sem ponta de dúvida o fundamento para a cultura nos mais diversos lugares. 
   Ao meu ver, não só a dança,  mas como também a arte em geral deve ser devidamente reconhecida nos dias de hoje, pelo bem que faz às pessoas na sociedade: em outras palavras, o corpo, quando dança, fala com a voz do coração! 
  
   Será difícil apresentar nesse blog todos os estilos, pois sendo as pessoas igualmente diferentes, cada qual no seu ritmo, diversas modalidades haverão de existir. Portanto, farei o que eu puder, uma vez que para quem ama dançar, descobrir o que há de novo nunca é demais : ] 

Até a próxima!